O amado marido da Fal faleceu. Repentina e estupidamente. Não sei oque se diz nessas horas, acho que não se diz nada. Aproveito as palavras da Ticcia, então:
"Mas assim é a vida, caríssimos, é bem assim. Um dia ela acaba, ou decide que é hora de nos cuspir na cara, nos desancar e desmascarar, nos deixar órfãos de referência, nos dar uma bordoada no ouvido e nos largar sentados, entre o espanto e o estarrecimento, do lado de fora do armário de Alice. Com muita sorte, muita, muita, claro, podemos passar incólumes. Com muita sorte não seremos chamados à consciência, não nos defrontaremos com a nossa miséria, nossa desproteção e nossa insuficiência. Com muita sorte, não teremos que pensar muito, não teremos que sofrer quase nada, nem teremos que nos confrontar com as mentiras que contamos a nós mesmos, com os engodos que nos pregamos, com os auto-enganos que nos aliviam a cachola e preservam o sono nosso de cada dia. Com muita sorte, escaparemos ilesos da verdade, preservaremos intacta a nossa adorada falsa idéia de controle, onipotência, felicidade, harmonia - tudo muito longe do que vai realmente no submundo triste e escuro dos nossos medos, das nossas dúvidas, das perguntas duras que a gente evita a todo custo até admitir que existem. Com muita sorte viveremos felizes para sempre no país das maravilhas. Mas vejam bem. Pode ser que não. E aí quem tem chance de se levantar é quem pelo menos já tinha uma vaga idéia do que havia do lado de cá da porta do armário e quem era realmente Alice. "
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Um comentário:
Lau, too true, amiga. Too true.
:s
Beijos
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