quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A saudade é uma estrada looooonga

Na falta de um video melhor, vai esse mesmo... Amo essa música...

sábado, 31 de julho de 2010

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Lua adversa - Cecília Meirelles

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha


Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.


E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Caraminholando...

"Now the deed is done
As you blink she is gone
Let her get on with life
Let her have some fun"
(Ela disse adeus - Os Paralamas do Sucesso)

http://www.youtube.com/watch?v=sxBPKpwb7yI

"I may be mad, I may be blind, I may be viciously unkind
(...)
Some things are better left unsaid
But they still turn me inside out..."

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Quando entrar setembro....


(imagem: Primavera de Botticelli)

Primavera
Cecília Meireles


A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Aniversário do pai segundo minha imaginação



Às vezes, eu ando pela rua reparando nos senhores de 70 anos (e tb nos de 56, que era a idade que ele tinha quando se foi) tentando achar algum traço, alguma semelhança, seja no vestir-se ou no jeito de andar, nos olhos puxados, nas entradas de calvície, na maleta na mão, no sapato 752 da Vulcabrás, nos óculos, no jeito de sorrir ou na voz. Fato é que eu procuro o meu pai nesses senhores. Algumas vezes encontro, e isso me faz ter uma vontade de chegar mais perto e dizer "com licença, o senhor me lembra o meu pai, posso te dar um abraço?". Claro que nunca irei fazer isso. Mas quando a carência paterna se instala, eu fico escaneando pessoas.


Fora as mirabolantes (ou nem tanto) teorias espirituais de que ele na verdade esteja bem mais próximo do que eu imagino, eu sinto falta mesmo é de ser filha. É de tê-lo como pai. Sinto saudades do pai que eu tive. Não é simplesmente ter ou não ter mais pai. E sim, AQUELE pai.


Eu tento projetar o que ele estaria fazendo hj, em seu aniversário de 70 anos. Teria acordado cedo, ido à padaria, comprado alguns pãezinhos e um litro de leite de saquinho, chegado em casa e feito café, tomado café sozinho, ouvindo o jornal da Jovem Pan, teria recolhido a Folha no jardim, e ficaria lendo até a hora que minha mãe acordasse e arrumasse algum serviço pra ele fazer. Aí, ela o mandaria ou apertar o parafuso de alguma dobradiça que estivesse frouxa ou passar veda rosca em algum cano que estivesse pingando ou qualquer outra "coisa de homem",nisso eu teria ligado lá e minha mãe atendido e dito que ele estava ocupado e eu insitido para ela chamá-lo, ele atenderia e eu falaria alguma bobagem bem humorada, ele responderia com algum humor negro. Depois de acabar sua tarefa mascullina, iria fumar escondido no banheiro. Ele assistiria ao SPTV e ao Jornal Hoje enquanto ela faria o almoço. Eles almoçariam, ele lavaria a louça e depois cada um pegaria um livro pra ler, ou tirariam um cochilo, obviamente em horários separados, para não correrem o risco de minha mãe ter que deitar junto com ele na cama. No final da tarde, eu pegaria as crianças na escola, e iríamos lá levar um bolinho de fubá pra ele...
Parabéns pra vc.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Paz, amor e um pouquinho de sacanagem...



"Would you believe in a love at first sight?
I'm certain it happens all the time"

(Joe Cocker)