quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Aniversário do pai segundo minha imaginação



Às vezes, eu ando pela rua reparando nos senhores de 70 anos (e tb nos de 56, que era a idade que ele tinha quando se foi) tentando achar algum traço, alguma semelhança, seja no vestir-se ou no jeito de andar, nos olhos puxados, nas entradas de calvície, na maleta na mão, no sapato 752 da Vulcabrás, nos óculos, no jeito de sorrir ou na voz. Fato é que eu procuro o meu pai nesses senhores. Algumas vezes encontro, e isso me faz ter uma vontade de chegar mais perto e dizer "com licença, o senhor me lembra o meu pai, posso te dar um abraço?". Claro que nunca irei fazer isso. Mas quando a carência paterna se instala, eu fico escaneando pessoas.


Fora as mirabolantes (ou nem tanto) teorias espirituais de que ele na verdade esteja bem mais próximo do que eu imagino, eu sinto falta mesmo é de ser filha. É de tê-lo como pai. Sinto saudades do pai que eu tive. Não é simplesmente ter ou não ter mais pai. E sim, AQUELE pai.


Eu tento projetar o que ele estaria fazendo hj, em seu aniversário de 70 anos. Teria acordado cedo, ido à padaria, comprado alguns pãezinhos e um litro de leite de saquinho, chegado em casa e feito café, tomado café sozinho, ouvindo o jornal da Jovem Pan, teria recolhido a Folha no jardim, e ficaria lendo até a hora que minha mãe acordasse e arrumasse algum serviço pra ele fazer. Aí, ela o mandaria ou apertar o parafuso de alguma dobradiça que estivesse frouxa ou passar veda rosca em algum cano que estivesse pingando ou qualquer outra "coisa de homem",nisso eu teria ligado lá e minha mãe atendido e dito que ele estava ocupado e eu insitido para ela chamá-lo, ele atenderia e eu falaria alguma bobagem bem humorada, ele responderia com algum humor negro. Depois de acabar sua tarefa mascullina, iria fumar escondido no banheiro. Ele assistiria ao SPTV e ao Jornal Hoje enquanto ela faria o almoço. Eles almoçariam, ele lavaria a louça e depois cada um pegaria um livro pra ler, ou tirariam um cochilo, obviamente em horários separados, para não correrem o risco de minha mãe ter que deitar junto com ele na cama. No final da tarde, eu pegaria as crianças na escola, e iríamos lá levar um bolinho de fubá pra ele...
Parabéns pra vc.

Um comentário:

Marcela Reinhardt disse...

desejo junto a voce um feliz aniversario ao seu pai, aonde quer que ele esteja!

http://nadatudotudonada.blogspot.com/